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Publicado Sex, 04 de Abril de 2014 às 10:47. Visualizações: 884. Imprimir
Dia Mundial de Conscientização do Autismo

 Daniel Moraes

Flávia Durães é professora universitária e mãe de dois filhos: Pedro, de 5 anos, e Rafael, de 4. Quando o caçula tinha apenas dois anos, ela começou a perceber que havia algo diferente com ele: agitação excessiva, ausência de fala, surdez aparente. Para Flávia, foi o início de uma peregrinação por diversos pediatras e especialistas (até um neuropediatra) em busca de algo que nunca alcançava: um diagnóstico. Depois de ouvir várias informações equivocadas (como a recomendação de que a criança precisava de “correção”, ou de que os problemas eram causados por alergias) ela, de forma quase acidental, chegou ao diagnóstico correto, através de uma amiga estudante de Psicologia.

 

Para Flávia, descobrir que o filho era autista foi “um alívio”, pois a partir disso foi possível conseguir o tratamento adequado. Hoje, Rafael é acompanhado por neuropediatra, fonoaudiólogo e frequenta as aulas no CEMEI Heloísa Sarmento, no centro, onde participa de atividades específicas realizadas na Sala de Recursos Multifuncionais. Segundo Flávia, o avanço no período foi enorme. “Hoje ele está mais sociável, aceita mais o ´não’, está mais comunicativo, fala frases pequenas, sabe letras, números e figuras geométricas”, destaca, acrescentando que Rafael também melhorou no seu relacionamento com as pessoas. Para ela, o maior obstáculo para os autistas ainda é o desconhecimento das pessoas a respeito do assunto. “Falta para a sociedade aceitar a condição dos autistas, sem preconceito. Entender que eles são pessoas, que podem se desenvolver, que têm sentimentos. Entender que eles não têm culpa [de sua condição]. Para isso, é necessário uma ação conjunta da família, escola e sociedade”, afirma.

 

É pensando em tudo isso, e aproveitando a data de 2 de abril, que é quando se comemora o Dia Mundial de Conscientização do Autismo,  que a Coordenadoria de Educação Inclusiva da Secretaria de Educação da Prefeitura de Montes Claros, em parceria com a ANDA (Associação Norte Mineira de Apoio ao Autista), a Associação de Amigos Especiais e a IFMSA Brazil promove nesta quarta-feira diversas ações para conscientizar a população a respeito do autismo.

 

A programação inclui: Exposição das Salas de Recursos, no hall de entrada da Prefeitura de Montes Claros, com trabalhos feitos por alunos autistas da rede municipal de ensino e material pedagógico confeccionado pelos professores para trabalhar especialmente com estes estudantes; blitzes educativas, com panfletagem em alguns pontos da cidade; e carreata, a partir das 19 horas, com saída na sede da ANDA, no bairro Canelas, e chegada no Ibituruna Center Shopping.

 

Segundo Edite de Jesus Pereira da Silva, psicopedagoga e coordenadora de Educação Inclusiva da Secretaria Municipal de Educação, cerca de 50 alunos com autismo estão matriculados na rede municipal. Eles são acompanhados durante as aulas por auxiliares de docência que auxiliam na integração destes alunos com as outras crianças. No contraturno, eles são acompanhados por professores especializados nas Salas de Recurso Multifuncionais, que totalizam vinte no município.

 

Uma destas Salas Multifuncionais funciona na Escola Municipal Hilda Carvalho, no bairro Doutor João Alves. Na escola trabalha a professora Ladir Bertoldo, que atualmente atende a uma aluna autista de 9 anos, que há três recebe este acompanhamento especializado. Ladir conta que a menina, que apresenta um quadro de ecolalia (repetição de palavras) e problemas na coordenação motora, já evoluiu bastante. “Ela está escrevendo o nome sozinha, já senta na sala, faz as atividades. Evoluiu na questão social, se aproxima dos colegas”, conta, explicando que estas pequenas mudanças são enormes conquistas para alguns graus de autismo, e que o desenvolvimento dos autistas é possível quando o trabalho da Sala de Recursos é acompanhado pelo dos professores da sala regular, dos auxiliares de docência e da família. “O mais importante é acreditar que o aluno é capaz, e transmitir isso para ele”, destaca.

 

A professora Arlete Durães, que atua na Sala de Recursos do Cemei Hamilton Lopes, no Alto São João, atende atualmente a 14 alunos com autismo, com idades entre 3 e 8 anos. Ela conta que algumas das crianças com quem trabalha chegaram sem falar nada e hoje já se comunicam, conversam e trocam ideias. “Com amor você consegue fazer a inclusão. Com paciência, compreensão, carinho e dedicação”, conclui Arlete.

 

AUTISMO - Descrito pela primeira vez na década de 1940, até hoje a comunidade médica não chegou a um consenso sobre quais são as causas do autismo. Sabe-se que ele se apresenta em diversas intensidades, e que os autistas têm algumas características em comum, como: comprometimento na interação social; comprometimento na comunicação verbal e não-verbal; comportamento e interesses restritos e repetitivos de maneira desnecessária. Os sintomas do autismo aparecem antes dos três anos de idade.

 

 

Fotos: Sérgio Athayde, Wilson Medeiros e acervo pessoal